O Museu de Arte Sacra de Mato Grosso vem desenvolvendo atividades pelas redes sociais desde que fechou em função da pandemia. Dentre outras atividades as Lives semanais ganham lugar de destaque por trazer a população debates sobre uma diversidade de temas relevantes, além de dar continuidade às ações educativas que eram realizadas pelo museu presencialmente. Os temas são escolhidos considerando sua pertinência social, educativa e, sobretudo, são orientados pelos princípios que norteiam nossa missão como instituição; preservar, divulgar e transmitir a memória. Outros aspectos são considerados ainda para a escolha desses temas, como o respeito a diversidade, a divulgação dos patrimônios, ambiental, material, imaterial, além de refletir temas da atualidade que são importantes para o conjunto da sociedade; consideramos ainda o calendário comemorativo local e nacional.
O tema desta semana foi escolhido em função do dia 01 de outubro, data em que se comemora o Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Terceira Idade. A memória não está depositada apenas nos arquivos, mas também nas memórias e na tradição oral de contar histórias. Os primeiros responsáveis por nos conectar e fascinar com o passado são nossos idosos, nossos primeiros educadores patrimoniais. Em nossa cultura, em função da ética do consumo e da busca incessante por novidades, os idosos estão sendo escanteados, muitas vezes são tratados como fardo. Já em outras culturas, como as indígenas, os idosos são uma forte referência de memória e ancestralidade, por meio da oralidade as novas gerações se conectam não só com o passado, mas com as origens da existência. Não deveríamos aprender com esses povos o respeito e a reverência aos nossos idosos? As atividades desta semana pretendem colocar em pauta essas discussões.
Na live pretendemos analisar as potencialidades e limitações da memória dos idosos em se instituir como Estratégia para a Educação Patrimonial, tomando como referencial os conceitos relativos à Memória, Experiência, Narração e Tempo do Agora.
O idoso é aquele que propicia a construção de uma ponte entre o passado e o presente, em que a narração de experiências é mais do que “coisas da idade”, e que na teoria benjaminiana se transforma numa rememoração poética. As histórias narradas pelos idosos representam momentos vividos em diferentes épocas e contextos. Uma lembrança levou a outra e fez com que a memória se desencadeasse, num processo contínuo, não no sentido linear e cronológico, mas sim de aspectos do cotidiano que fizeram parte de sua trajetória histórica.
O Documentário O Índio Velho – Memória Ancestral produzido por iniciativa indígena através do Comitê Intertribal (ITC), e com apoio do Fundo do Idoso do Ministério dos Direitos Humanos, é uma primeira abordagem sobre o tema do Idoso Indígena seu modo de vida, suas perspectivas, suas visões culturais, espirituais. Foram produzidos imagens e testemunhos em cinco macro-regiões brasileiras e cinco etnias. Os Pataxó na Bahia, habitantes do Monte Pascoal e de Coro Vermelha/Porto Seguro; Os Kaingang da região de Londrina no Paraná; os Terena da região de Campo Grande com as Aldeias Urbanas; os Guarani da região do litoral de São Paulo, cidade de Bertioga; e os Gavião Parkatejê e Kyikatejê, sul do Pará, Município de Marabá. Foram 14 meses de pesquisas junto a essas Comunidades Indígenas com visitas específicas: a primeira para abordar o tema dos direitos dos Idosos de maneira geral e junto ao poder público local; uma segunda para a captação das imagens com a anuência da liderança e aldeia participante; e a devolutiva do produto elaborado como Documentário inédito.
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